Que atire a primeira pedra aquele que achou que quando os primeiros casos de COVID-19 começaram a aparecer nos notíciarios seriam o prenúncio de um evento de proporções globais nunca antes vistas!
Uma doença nova, até então, que apenas havia se manifestado em animais e que estava guardada a sete chaves em laboratórios. Quem aqui já havia ouvido falar de coronavírus? A não ser que você seja da área de saúde ou um biólogo, é pouco provável que isso tenha acontecido.
Rapidamente as notícias passaram a tomar conta dos notíciários. Uma doença misteriosa que surgira em um mercado na província de Wuhan. Pessoas sendo hospitalizadas aos montes. Cada vez mais infectados, até o momento em que os infectados começaram a aparecer além da fronteia da China, chegando aos quatro outros continentes do planeta. Pouco tempo depois, a endemia se tornara pandemia.
O aumento de infectados, de hospitalizações e mortes elevou a atenção das Nações Unidas e dos ministérios e secretariados de saúde ao longo de todo mundo. Aparentemente, não estávamos prontos para enfrentar aquela doença que rapidamente se alastrava e seus efeitos. Recomendou-se então o uso de máscara por todos, bem como a adoção de medidas de isolamento social, tanto para reduzir a velocidade de propagação da doença, bem como para que os sistemas públicos e privados de saúde se preparassem para mitigar os efeitos deletérios da COVID, que atingia todo o mundo.
Não cabe a mim julgar se o isolamento social foi certo ou errado, se seus efeitos foram mais benéficos ou mais maléficos. Tenho minha opinião e neste artigo, discorrerei apenas sobre o empurrão que tudo isso deu no ensino a distância.
Assim, com o isolamento social, os cidadãos em todo mundo se recolheram às suas residências, enquanto se aguardava que as medidas necessárias fossem tomadas pelas autoridades, até que a normalidade pudesse ser retomada. Governos foram aumentando as restrições à circulação de pessoas e da noite para o dia, muitos de nós tivemos que nos acostumar a trabalhar de casa, em vez dos nossos tradicionais ambientes de trabalho. Estudantes foram liberados das aulas enquanto as faculdades e escolas se adequavam à nova realidade de ensino que nos fora imposta.
Foi necessário adquirir webcams, headphones, headsets e microfones. O avanço da tecnologia dos telefones celulares foi de grande ajuda, graças ao advento dos smartphones.
A primeira mudança observada foi a adoção da videoconferência. Aplicativos como skype, teams, zoom, Cisco Webx e google meet começaram a ser absurdamente demandados. Curiosamente, a evolução da internet em todos os lugares do mundo permitiu que o acréscimo no tráfego fosse absorvido adequadamente pelos ativos de rede em todo mundo.
Com a adaptação de empresas, organizações, escolas e universidades àquela realidade, a demanda aumentou ainda mais. Além das videoconferências, ferramentas como o Google Classroom passaram a ser utilizadas. O ensino a distância já era uma realidade, mas nunca havia sido testado em escala tão larga.
Em 2020 ainda, ministrando cursos (já online) de moodle, afirmei para minhas turmas que o ensino a distância, depois daquela “virada de chave” nunca mais seria o mesmo. De fato, foi o que aconteceu.
Com o arrefecimento da pandemia, universidades e escolas perceberam o poder do ensino a distância. Aulas online, que antes seriam apenas transitórias, passaram a fazer parte dos currículos dos cursos oferecidos, representando um percentual considerável da carga horária dos cursos, o que permite ainda a desmobilização de recursos onerosos que necessitam estar presentes quando as aulas são presenciais. No Brasil, a concorrência entre faculdades e universidades é tão brutal que a oportunidade de redução de custos, sem necessariamente implicar em redução de qualidade, não poderia deixar de ser aproveitada.
Se essa mesma pandemia tivesse nos atingido cinco anos atrás, não tenho certeza se seríamos tão bem sucedidos. A evolução da internet, em termos de velocidade de acesso e tecnologias evoluiu absurdamente nos últimos anos. Hoje, ter uma televisão rodando Netflix em 4K representa um pequeno impacto sobre a internet da grande maioria das residências. Cinco anos atrás, um computador fazendo o download de um arquivo grande ou de bittorrent onerava todos os aparelhos que também estivessem usando a internet da residência. A evolução da internet móvel e cabeada chega a ser ridícula de tão grande que foi.
Equipamentos caríssimos como dispositivos Polycom foram substituídos por computadores domésticos, celulares, webcams e microfones.
Em razão, principalmente, da pandemia, o teletrabalho tornou-se uma realidade. A possibilidade de ministrar cursos a distância, em qualquer lugar do mundo, para turmas geograficamente dispersas, também. Não é mais necessário deslocar-se de um avião, de Brasília, até Manaus, para realizar um encontro ou uma reunião. Isto representa celeridade, redução brutal de custos e agilidade para a vida. Plataformas de ensino a distância surgem diariamente no Brasil e no mundo, tornando a competição mais acirrada e elevando a qualidade a níveis inéditos.
Apesar de todos efeitos deletérios desta pandemia, entre eles, as mortes, as hospitalizações, as doenças mentais resultantes dos períodos prolongados de isolamento e outros, avançamos vinte anos em dois. O que ainda não virá no futuro próximo e distante? Uma coisa é certa: o ensino a distância se tornará cada vez mais presente, mais forte e terá mais qualidade.
O trem ganhou velocidade e não pode mais ser parado.